Leia as explicações
a seguir e faça um resumo das informações em tópicos.
Crônica
é um gênero de texto tão flexível que pode usar a “máscara” de outros gêneros,
como o conto, a dissertação, a memória, o ensaio ou a poesia, sem se confundir
com nenhum deles. É leve, des pretensiosa como uma conversa entre velhos
amigos, e tem a capacidade de, por vezes, nos fazer enxergar coisas belas e
grandiosas em pequenos detalhes do cotidiano que costumam passar despercebidos.
História das crônicas
A palavra “crônica”, em sua origem, está
associada ao vocábulo “khrónos” (grego) ou “chronos” (latim), que significa
“tempo”. Para os antigos romanos a palavra “chronica” designava o gênero que
fazia o registro de acontecimentos históricos, verídicos, na ordem em que
aconteciam, sem pretender se aprofundar neles ou interpretá-los. Com esse
sentido ela foi usada nos países europeus.
A crônica contemporânea brasileira, também
voltada para o registro jornalístico do cotidiano, surgiu por volta do século
XIX, com a expansão dos jornais no país. Nessa época, importantes escritores,
como José de Alencar e Machado de Assis, começam a usar as crônicas para
registrar de modo ora mais literário, ora mais jornalístico, os fatos
corriqueiros de seu tempo. É interessante observar que as primeiras crônicas
brasileiras são dirigidas às mulheres e publicadas como folhetins, em geral na
parte inferior da página de um jornal.
Um olhar atento sobre o cotidiano
A crônica é um gênero que ocupa o espaço
do entretenimento, da reflexão mais leve. É colocada como uma pausa para o
leitor fatigado de textos mais densos. Nas revistas, por exemplo, em geral é
estampada na última página.
Ao escrever, os cronistas buscam emocionar
e envolver seus leitores, convidando-os a refletir, de modo sutil, sobre situações
do cotidiano, vistas por meio de olhares irônicos, sérios ou poéticos, mas
sempre agudos e atentos.
Os muitos tons da crônica no Brasil
A crônica é um gênero que retrata os
acontecimentos da vida em tom despretensioso, ora poético, ora filosófico,
muitas vezes divertido. Nossas crônicas são bastante diferentes daquelas que
circulam em jornais de outros países. Lá são relatos objetivos e sintéticos,
comentários sobre pequenos acontecimentos, e não costumam expressar sentimentos
pessoais do autor. Os cronistas brasileiros exprimem vivências e sentimentos
próprios do universo cultural do país.
No Brasil, há vários modos de escrevê-las.
Usando o tom da poesia, o autor produz uma prosa poética, como algumas crônicas
escritas por Paulo Mendes Campos. Mas elas podem ser escritas de uma forma mais
próxima ao ensaio, como as de Lima Barreto; ou a que você acabou de ler, de
Ivan Ângelo; ou ser narrativas, como as de Fernando Sabino. As crônicas podem ser engraçadas, puxando a reflexão do
leitor pelo jeito humorístico, como as de Moacyr Scliar, ou ter um tom sério.
Outras podem ser próximas de comentários, como as crônicas esportivas ou
políticas.
Em geral, na crônica a narração capta um
momento, um flagrante do dia a dia; o desfecho, embora possa ser conclusivo,
nem sempre representa a resolução do conflito, e a imaginação do leitor é
estimulada a tirar suas próprias conclusões. Os fatos cotidianos e as
personagens descritas podem ser fictícias ou reais, embora nunca se espere da
crônica a objetividade de uma notícia de jornal, de uma reportagem ou de um
ensaio.
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