Carta
aberta
A carta aberta representa um dos gêneros
textuais cuja principal característica é a argumentação com base em assuntos de
interesse coletivo.
A carta aberta integra os gêneros
textuais norteados pelo caráter argumentativo, cuja principal característica é
permitir que o emissor exponha em público suas opiniões ou reivindicações
acerca de um determinado assunto. Tal gênero, por sua vez, difere-se da carta
pessoal, a qual trata de assuntos que dizem respeito somente aos interlocutores
nela envolvidos, ao passo que a carta aberta faz referência a assuntos cujo
interesse é coletivo, normalmente se referindo a um problema de consenso geral.
Dessa forma, a carta aberta pode
ser utilizada como forma de protesto contra esse problema, como alerta, e até
mesmo como meio de conscientização da população ou de alguém com certa
influência, como, por exemplo, um representante de uma entidade ou do governo,
acerca da problemática em questão. É possível afirmar que a carta aberta, além
da característica argumentativa, possui traços persuasivos, uma vez que a
intenção de quem a redige é a de convencer o interlocutor acerca de suas
ideias.
Quanto aos aspectos estruturais, o
gênero em pauta compõe-se dos seguintes elementos:
* Título – no qual se evidencia o destinatário;
* Introdução – parte em que se situa o problema a ser
resolvido;
* Desenvolvimento – Diz respeito à análise do
problema, no qual há a apresentação dos argumentos, fundamentando, portanto, o
ponto de vista do (s) emissor (es).
* Conclusão – elemento em que geralmente se solicita
uma resolução para o assunto em pauta.
Mediante os pressupostos
evidenciados, eis a seguir um exemplo representativo, tornando práticas todas
as características ressaltadas. Observe:
CARTA ABERTA DE ARTISTAS
BRASILEIROS SOBRE A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA
Acabamos de comemorar o menor desmatamento da
Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase
a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas
vezes a Alemanha e três estados de São Paulo. Não há motivo para comemorações.
A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços ambientais
importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se estende por
mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico engendrado
pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo, propiciando a vida
da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na regulação da temperatura
do Planeta.
Depois
de tombada na sua pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam
fogo às suas vestes de esmeralda abrindo passagem aos forasteiros que a
humilham ao semear capim e soja nas cinzas de castanheiras centenárias. Apesar
do extraordinário esforço de implantarmos unidades de conservação como
alternativas de desenvolvimento sustentável, a devastação continua. Mesmo
depois do sangue de Chico Mendes ter selado o pacto de harmonia homem/natureza,
entre seringueiros e indígenas, mesmo depois da aliança dos povos da floresta
“pelo direito de manter nossas florestas em pé, porque delas dependemos para
viver”, mesmo depois de inúmeras sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela
Amazônia, a devastação continua.
Como no passado, enxergamos a Floresta como um
obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada. Um imenso
estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e
espécies vegetais para combustíveis alternativos ou então uma fonte inesgotável
de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos um povo
irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade
de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como
tratá-lo.
Um país que tem 165.000 km2 de área desflorestada,
abandonada ou semiabandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem a
necessidade de derrubar uma única árvore. É urgente que nos tornemos
responsáveis pelo gerenciamento do que resta dos nossos valiosos recursos
naturais.
Portanto, a nosso ver, como único procedimento
cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo
o que determina o § 4º, do Artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê:
"A Floresta Amazônica é patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais"
Assim, deve-se implementar em níveis Federal,
Estadual e Municipal A INTERRUPÇÃO IMEDIATA DO DESMATAMENTO DA FLORESTA
AMAZÔNICA. JÁ!
É hora de enxergarmos nossas árvores como
monumentos de nossa cultura e história.
SOMOS UM POVO DA FLORESTA!
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/carta-aberta.htm
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